William Mendonça
POESIA, PROSA, MÚSICA E TEATRO
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Meu Diário
30/07/2009 23h59
INFORME CULTURAL 30/07/2009
NAS PÁGINAS DO REAÇÃO
Com a volta do jornal REAÇÃO, do meu amigo Mário Pitanga, a coluna INFORME CULTURAL, que já visitou as páginas de O ALERTA, aparece também por aqui. No mesmo estilo, falando sobre cultura, comportamento e outras reflexões nem tão profundas sobre os temas da atualidade. Você, leitor, pode encontrá-la também no site www.williammendonca.com.
 
A SLOW MUSIC DE JOYCE
A cantora e compositora Joyce chegou aos 60 anos em 2008 e, diferente de outros grandes artistas brasileiros, não recebeu as merecidas homenagens. Claramente, também na MPB há uma certa diferenciação entre homens e mulheres. Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento entraram nos sessenta anos com grandes shows, discos comemorativos e homenagens por todo lado. Joyce, como outras cantoras de sua geração (Gal Costa, Rita Lee, etc), não foi incensada no altar dos grandes talentos. Tudo bem – Joyce continua sendo uma das mais interessantes cantoras brasileiras e uma compositora que marcou um estilo próprio em toda a sua carreira, fazendo sucesso no exterior. Agora, em 2009, Joyce passa a assinar Joyce Moreno e lança um disco de primeira linha, pela gravadora Biscoito Fino. Chamado “Slow Music” (foto), o disco parte do conceito do menos é mais. As pausas e silêncios têm importância em cada música. No repertório, coisas novas, como a faixa título (parceria com Robin Meloy Goldsby) e clássicos como “But beautiful” (de Burke e Van Heusen), que já foi gravada por Sinatra. É um trabalho de uma artista na plenitude da carreira, que talvez não queira homenagens – apenas continuar no seu caminho original, por muito tempo ainda.
 
GRANDE CORA
Se alguém conseguiu lavar minha alma no assunto do fim da exigência do diploma para jornalistas foi a colunista de O Globo, Cora Rónai. Enquanto o próprio O Globo ficou meio em cima do muro e alguns cursos e entidades organizaram estranhas manifestações contra a decisão do Supremo, Cora não poupou palavras e nem deixou dúvidas sobre sua posição em sua coluna de 25 de junho. “A única coisa que o diploma de jornalismo garantiu, até aqui, foi uma reserva de mercado injusta e pouco democrática”, disse a colunista. “Tenho visto muita gente lamentando o tempo que perdeu na faculdade para conseguir o diploma, mas qualquer curso que alguém lamenta ter feito, não precisava, nem merecia, ter sido feito”, completa. Assino embaixo.
 
MAIS UM SE VAI
Não faz muito tempo que tive a triste tarefa de escrever aqui, nesta coluna, sobre a morte violenta de um jornalista e poeta, que dirigia um jornal alternativo. No caso, falava de Alfredo Chlamtac, um dos meus inspiradores. Hoje, vejo quase um filme se repetir ao falar do assassinato de Rafael Pimenta Francisco, produtor cultural, jornalista e poeta niteroiense, de 54 anos, que ocorreu no dia 17 em uma movimentada rua de Niterói. Rafael me deu as duas primeiras oportunidades de ver minha poesia no palco, no já longínquo 1987. Era o tempo áureo das perfomances e o Quinteto Fora de Si, da professora Deila Perez, participou co 1º Ciclo Poesia de Boca, promovido por Rafael. Lá estavam alguns de meus poemas. Meses depois, participei com os poetas Marcello Pires Alves e Margarida Moutinho de outro evento promovido por ele, o Viva Poesia!. Portanto, tenho profundo respeito e admiração por esse cara que sempre abriu espaço para novos talentos. Ele atualmente dirigia o jornal Enseada e continuava produzindo cultura, mas eu há muito tempo não o via. Nem por isso, foi menor o choque de saber que ele foi morto covardemente, não se sabe bem o porquê – não que qualquer porquê justifique tal ato. Enquanto os bons morrem, fico me perguntando se algo ainda poderá salvar a humanidade.
 
MICHAEL JACKSON
É claro que tudo já foi dito sobre a morte de Michael Jackson, o maior ícone pop dos anos 80 que, infelizmente, só ganhava mídia nos últimos anos por situações bizarras. Mas gostaria de abordar dois pontos interessantes. Vi muitas crianças, na faixa dos 8 ou dez anos, falar sobre Jackson e ouvir suas músicas – gente que nunca teria ouvido “Billy Jean” ou “Beat it” de outra forma. É algo que aconteceu comigo em 1977, quando morreu Elvis Presley, o então decadente rei do rock. Aliás, há algumas semelhanças entre os dois como fenômenos pop, fora o fato de Michael ter sido casado com a filha de Elvis. Outro ponto foi a questão da dança de Michael Jackson. Quem ainda não viu, não pode deixar de assistir, nem que seja por curiosidade, ao filme “O pequeno príncipe”, adaptação da obra de Antoine de Saint-Exupéry produzida em 1974. Lá você vai encontrar o cara que inspirou, para dizer o mínimo, os principais passos de Jackson. O coreógrafo e bailarino Bob Fosse interpreta a serpente, que dança como Jackson e não por acaso usa uma roupa muito parecida com coisas que o rei do pop – só que com seis ou oito anos de antecedência. Bob Fosse foi coreógrafo de outros dois grandes sucessos do cinema, “Cabaret”, estrelado por Liza Minelli, e “All that jazz”.
 
TEATRO EM ATIVIDADE
Sob a gestão da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, que tem à frente o produtor cultural Sérgio Espírito Santo, o Teatro Municipal João Caetano de Itaboraí está em plena atividade. O diretor do Teatro, Vinícius Cardoso, tem buscado incluir o teatro no circuito de peças do estado, mantendo o local aberto durante a semana para atendimento ao público, e sempre com espetáculos nos finais de semana. Foi assim com a passagem por lá do grande ator Bemvindo Siqueira, um dos papas da comédia brasileira, e, no último fim de semana, com a peça “A velha na janela”, da Cia. Baiana de Risos. Além disso, o Teatro será tema de dois filmes que, segundo Vinícius, vão contar a história do próprio teatro e do ator João Caetano, mito da arte dramática brasileira nascido em Itaboraí em 1808.
 
FÉRIAS DAS CONTINUAÇÕES
No cinema, as férias de inverno, além de frias, têm um certo sabor de repetição. Os filmes de maior apelo são, em sua maioria, continuações de sucessos anteriores. “Harry Potter e o enigma do príncipe”, por exemplo, é, assim como o livro do qual foi adaptado, um filme de passagem, preparando terreno para o final da saga do bruxo adolescente. Mais adulto e sombrio, o filme foi elogiado por fãs. Outro arrasa-quarteirão é “Trasformers: a Vingança dos derrotados”, que já está sendo exibido em menos salas, preparando sua saída das telonas.  As crianças também gostaram de “A era do gelo 3”, que tem uma certa cara de mais do mesmo mas teve boa recepção. Parece que o cinema americano está cada vez mais mergulhado na crise da falta de originalidade. 
 
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Este colunista gostaria de agradecer aos amigos Bruno Rocha, um dos principais músicos de Tanguá que também trabalha na diagramação e edi-toração de jornais, e Adriano, da @allcad Informática, a principal no ramo de filmagens e eventos em Tanguá, que vieram em meu auxílio no fechamento desta edição do jornal REAÇÃO - quando aconteceu nos meus computadores o que é quase inevitável para quem trabalha com informática, uma infestação por vírus. Saibam que é por gestos como esse, de ajuda desinteressada a um colega de profissão, que percebo que meus mais de vinte anos de carreira valeram a pena.
 
(Coluna publicada no jornal REAÇÃO, de Itaboraí, edição nº 5, 1ª quinzena de agosto de 2009)
 
NOTA BÔNUS
(Faltou espaço no jornal, por isso você só lê aqui no site)

CINEMA BRASILEIRO
Quem tem aquela idéia pré-concebida de que o cinema brasileiro é coisa de baixa qualidade tem mais uma oportunidade de ver que a realidade é bem diferente. O “Dicionário de filmes brasileiros”, de Antonio Leão da Silva Neto, recebeu nova edição neste ano, com a informação de dois mil títulos – inclusive alguns que ainda estão em fase de produção. Lançado originalmente em 2002, o dicionário é obra de um cinéfilo obstinado, que coleciona filmes de 16 mm e usa suas horas vagas para recolher todo tipo de informação sobre o cinema brasileiro. São 101 anos de história, incluindo clássicos como “Limite”, de Mário Peixoto, considerado um marco, e produções mais recentes de grande sucesso, como “Tropa de elite”. São 1.152 páginas – uma obra de referência para quem gosta de cinema no Brasil.
 
ALGUMAS EXPLICAÇÕES
A coluna INFORME CULTURAL teve longos anos de vida no jornal O ALERTA, foi aposentada para a criação da coluna BALAIO GERAL, que ainda publico aqui no site. Agora, com a volta do jornal REAÇÃO, dirigido pelo meu amigo e mestre Mário Pitanga, fui intimado a fazer uma coluna sobre cultura, o que me fez ressuscitar o INFORME CULTURAL. A coluna BALAIO GERAL voltará à imprensa escrita ainda no mês de agosto, desta vez pelas páginas do jornal O VERBO - que vou relançar, em Tanguá, depois de quase cinco anos de paralisação. Se você faz cultura, gosta de cultura, tem algo a falar sobre cultura, colabore com estas colunas. Basta deixar seu comentário com sugestões, críticas ou informações relevantes, para que faça parte de novas edições do INFORME CULTURAL e do BALAIO GERAL. 
Publicado por William Mendonça
em 30/07/2009 às 23h59
 
12/06/2009 23h55
BALAIO GERAL 12/06/2009

DIA DO MEIO AMBIENTE
Um verdadeiro encontro de amigos. Assim transcorreu o show do Dia Mundial do Meio Ambiente, promovido pela Casa de Cultura em palco montado em frente ao Teatro Municipal João Caetano, no último dia 5. Um público mais de duas mil pessoas prestigiou o evento, que além dos shows, teve também a exibição de vídeos do projeto Circuito Tela Verde, de cinema ambiental e distribuição de material explicativo sobre DST/AIDS.
No palco, a principal atração da noite foi a banda que reúne quatro dos cinco integrantes do Barão Vermelho – Guto Goffi (bateria), Fernando Magalhães (guitarra), Rodrigo Santos (voz, violão e baixo) e Peninha (percussão). Durante o recesso do Barão, que só deve retornar em 2011 para comemorar os trinta anos de carreira, os músicos realizam um trabalho paralelo, tocando de forma descontraída sucessos do rock de todas as épocas. No repertório, Beatles, Rolling Stones, Raul Seixas, Jorge Ben Jor,  Cazuza e, como não podia faltar, Barão Vermelho. O público cantou e dançou, esquentando a noite fria de junho.
Na abertura, a Banda Na Estrada, uma das principais bandas do Rio, liderada pelo vocalista Zé Roberto e com a presença de nomes como Beto Saroldi (sax), Tony Roqueiro (guitarra) e Cláudia Sette (vocal). O repertório de rock e pop foi feito sob medida para animar a festa. Rodrigo Santos, do Barão Vermelho, em participação especial, aproveitou a ocasião para cantar sucessos de seu primeiro disco solo, como “Nunca desista do seu amor”.
No final do evento, bandas locais mantiveram a animação do público. O Dia Mundial do Meio Ambiente é uma data que marca a importância da consciência ecológica e, com o aumento dos efeitos do aquecimento global e a urgência para que se tome medidas contra o desmatamento e a poluição, a data ganhou ainda mais importância. Itaboraí realiza o evento em comemoração ao Dia do Meio Ambiente desde 2002 (quando este colunista apresentou o texto “A máquina do tempo”, que você encontra neste site), com produção do gestor da Casa de Cultura, Sérgio Espírito Santo, e equipe.

DEMOREI MAS VI, E GOSTEI
Demorei pra caramba pra assistir “Star Trek”, o filme de J. J. Abraams, que é uma espécie de recomeço na saga de Jornada nas Estrela. Vi e gostei – pra ser sincero, no lado mais fã, simplesmente achei o máximo. Se na TV Star Trek sempre foi sinônimo de saga, dando origem a várias séries e a personagens que tinham anos para se desenvolver de forma completa, no cinema sempre ficou devendo. Comparado a Star Wars, superproduções de George Lucas, sempre Star Trek esteve inferiorizado. Seus melhores filmes, como “A ira de Kahn” (2º), “A volta pra casa” (4º) e “Primeiro contato” (8º, já com a tripulação da Nova Geração), eram bom cinema, transpunham as séries com qualidade para a telona, mas não eram “o máximo”. Mesmo sendo uma franquia extensa, não vinha muito bem das pernas – pouca gente assistiu “Star Trek Nemesis”, o filme anterior, no cinema.
Mas o “Star Trek” é um prato cheio para quem gosta de cinema, para quem gosta da série e até para os discípulos de J. J. Abraams por seus trabalhos em “Lost”, “Alias” e “Missão Impossível 3”. É um verdadeiro início de saga, com atos de heroísmo, um vilão vingativo, viagens no tempo, efeitos especiais de tirar o fôlego e ação, muita ação. Não é um filme cerebral de ficção científica, é o que se classificaria em literatura de “space opera”. Você se agarra na cadeira desde a destruição da U.S.S. Kelvin e o nascimento de Kirk, no início do filme, até a última reviravolta, em que a tripulação da Enterprise mostra realmente de que, e de quem, é feita. As concessões feitas para reunir alguns personagens ali, um pouco antes do tempo em que tudo deveria acontecer de fato, podem ser explicadas pela mudança na linha de tempo causada pelo vilão Nero e, assim, ninguém fica pensando mais naquilo. É um show de cinema, e ponto final.

BOAL, ADEUS!
Mesmo com grande atraso, não posso deixar de comentar aqui sobre a morte de Augusto Boal, que ocorreu no início do mês passado. O criador do “Teatro do Oprimido” era, sem dúvida, o maior nome do teatro brasileiro, respeitado internacionalmente. Um ávido escritor, Boal tem livros basilares para quem quer fazer teatro por aqui, como o próprio “Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas”, “200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de dizer algo através do teatro” e “O teatro enquanto arte marcial”. Não sei se os atores criados através do “Método” de Stanislaviski em escolas como o Actors Studio, dos Estados Unidos, são expostos aos métodos e teorias de Boal, mas tenho convicção de que o Brasil forma atores melhores porque aqui existiu um Boal. Político por excelência, no sentido mais universalista do termo, ele quis fazer uma espécie de inclusão social no teatro, muito antes das políticas que levaram esta idéia a outros setores da vida. O teatro do oprimido é a prova de que qualquer um pode fazer arte, no palco, expondo seus temas e seu espírito para uma platéia. Teatro é isso.

JABOR NO CINEMA
Pois é, muita gente deve estar sentindo falta de Arnaldo Jabor como o irrefreável cronista, nas páginas de O Globo, na rádio CBN e na TV. O ex-ex-cineasta voltou à ativa, mesmo depois de dizer que o cinema não lhe oferecia mais a oportunidade de dizer o que pensa. Está filmando atualmente e, obviamente, tirou férias das outras atividades públicas. Cinema é a verdadeira arte do diretor – é ele quem escolhe tudo, desde os atores até como fica uma cena na versão final do filme. Jabor é um diretor dessa estirpe, um dos melhores do Brasil nos anos 70 e 80. A volta dele é um ponto a favor do cinema nacional, desde que ele não abandone a crônica.

LIVROS, MAIS LIVROS
Pouca gente sabe, mas os caríssimos livros que são lançados todos os dias pelas editoras e viram, ou não, best-sellers, deveriam ser muito mais baratos. Há alguns anos, uma lei reduziu drasticamente os impostos na cadeia produtiva das publicações. A intenção era baratear o produto final e promover uma espécie de democratização do livro. Como no Brasil nada acontece como planejado, os livros continuam caros, inacessíveis à maioria da população, e, pior, a maioria das cidades brasileiras não tem sequer uma livraria ou uma biblioteca pública. De quem é a culpa? Certamente não do escritor, que muitas vezes ganha pouco pelo que produz e disputa a tapa o mercado, tentando ser publicado por alguma editora. Para completar o quadro, o fundo de apoio à leitura criado pela lei, que deveria recolher 1% do faturamento das editoras para criar mecanismos de democratização do livro, como bibliotecas e doações, nem saiu do papel. O Congresso, atolado de medidas provisórias, escândalos e CPIs, ainda não teve tempo de chegar a um acordo sobre o tema. Dizem que isso acontece ainda neste ano. Será?

ATÉ ONDE VÃO OS REALITY SHOWS?
Parece que não tem fim a sede das emissoras de TV pelo mundo afora sobre os reality shows, que eu chamaria de freaky shows de forma mais apropriada. Na TV por assinatura, basta mudar de canal a qualquer hora para esbarrar com um desses – sobre tatuagens, caminhoneiros, roqueiros decadentes, dançarinos exóticos, gente sem estilo na moda, gente querendo casa nova, gente brigando por um emprego com Trump, gente de todo o tipo fazendo todo tipo de coisa, enfim. Na TV aberta, a Record partiu para uma “Fazenda” com famosos de terceira linha, rendendo a jornais de pequeno porte manchetes sobre Mirella, a noiva de Latino (??!!). A Globo está empurrando um programa com a alcunha de “Jogo duro” que consegue ser pior que o BBB e o antigo “No limite” (lembram?). Isso sem contar com os programas com filmagens “verdadeiras”, que deixam as cassetadas do Faustão no chinelo, como os “Vídeos incríveis” do People & Arts ou aquele com perseguições policiais. Com tanta “realidade” na TV, não me admira que tanta gente desista da vida aqui fora.

ZECA PALÁCIO
Deixo aqui minha mensagem de apoio ao amigo Zeca Palácio, o maior diretor de teatro de Itaboraí, um cara que ao longo de mais de 20 anos de vida artística sempre trabalhou formando jovens atores, montando espetáculos marcantes e, nos últimos anos, dirigindo o Teatro Municipal João Caetano. Quero dizer que se hoje, no meio de questões de mudança de governo em que a política muitas vezes supera o mérito pessoal e profissional, ele não está onde merecia por todo o trabalho realizado, o mundo certamente dá voltas e o futuro reserva novas vitórias para Zeca. Ele continua trabalhando, com o apoio e a admiração das centenas de atores com que já trabalhou (eu, inclusive), e isso é o que importa.

APENAS UMA VEZ
Peguei em DVD e assisti hoje o filme “Apenas uma vez” (“Once”, de 2006), sem muita certeza do que iria encontrar. Fiquei atraído pela capa – o cara com um violão ás costas e uma moça. Vi que era algo sobre música e, como não podia deixar de ser, aluguei. O filme irlandês é surpreendente, suave, bonito, um dos melhores que assisti recentemente. O protagonista é simplesmente Guy (um cara), cantor e compositor que, quando não está ajudando o pai em uma loja de aspiradores de pó, está nas ruas tocando seu violão para decolar um trocado. Ele chama a atenção de Girl, uma jovem imigrante checa, que toca piano emprestado em uma loja nos horários de almoço. A parceria improvável vai se formando, enquanto a gente visita Dublin. Há um certo romantismo no ar, mas ela é casada e ele ainda ama a ex-namorada. Com isso, a relação de amor acontece mais na música do que entre os dois. Glen Hansard (da banda irlandesa “The Frames”) e Markéta Inglová são dois músicos que viraram atores para viver esses personagens sem nome no filme de John Carney, que colecionou 14 prêmios, incluindo o Oscar e o Grammy de melhor canção por “Falling Slowly” e o Grammy de melhor trilha. Poucas vezes vi a música se encaixar tão bem em um filme.

Publicado por William Mendonça
em 12/06/2009 às 23h55
 
12/05/2009 00h00
BALAIO GERAL 12/05/2009
STAR TREK
Se vontade de ver filme bom matasse, eu já estava esturricado e essas mal  traçadas linhas não estariam sendo escritas ... Mas pretendo viver para ver Star Trek, o novo filme da franquia que retrata o início da saga de Jornada nas Estrelas com Kirk, Spock, McCoy e companhia. A julgar pelas críticas publicadas nos jornais do Rio, este é, sem dúvida, o melhor dos 11 filmes da franquia - até porque está nas mãos de um dos modernos gênios dos filmes de ação, J.J. Abrahms (o criador de Lost). Em O GLOBO, o proverbial "bonequinho" aplaudiu de pé Star Trek o que, até onde me lembro, é coisa inédita na franquia. No JB, três estrelas ("muito bom") e em O DIA matéria de meia página, rasgando elogios até dizer chega. Quem já viu no cinema - tanto os trekkers quanto os que não conhecem muito de Star Trek, também foram só elogios, por depoimentos colhidos em Niterói por fonte segura no último sábado. Tenho alergia a muvucas e filas, por isso não assisto filmes na primeira semana de exibição. Espero que os cinemas esvaziem um pouco - mas desta vez a ansiedade está grande. (Na foto acima, Zachary Quinto como Spock e Chris Pine como Kirk, no filme Star Trek)

O BOM E VELHO LARRY
A série C.S.I., um dos sucessos da TV que já gerou duas outras séries derivadas, está passando por grandes mudanças de elenco. Alguns dos atores principais de temporadas passadas deixaram a série - Jorja Fox (Sara Sidle) e Gary Dourdan (Warrick Brown), ainda na temporada anterior, e William Petersen (Gil Grissom), o principal nome do elenco, na atual temporada. Como evitar a estranheza no público e substituir grandes nomes a altura. A receita vem de outra série veterana, Law & Order, que em suas quase 20 temporadas já teve várias mudanças de elenco, sem perder audiência. Desde que a saída dos personagens seja coerente, o público aceita. Para substituir Gil Grissom, entra em cena o Dr. Raymond Lagston, um médico criminologisca interpretado por ninguém menos de Laurence Fishburne. Para quem não está ligando o nome a pessoa, Larry é um dos principais atores de sua geração, interpretou Morpheus na trilogia Matrix, Othello no filme de Kenneth Branagh, e já fez muita coisa boa no cinema. É mais um ator da telona a procurar espaço nas série de TV, um mercado em franca expansão.

INVASORES PRIMITIVOS
Por falar em séries de TV, a HBO Family está exibindo uma série inglesa de poucos episódios mas de muito potencial - Invasores Primitivos (Primeval). O mote da série não é absolutamente original, mas é bem explorado: começam a surgir em Londres várias anomalias temporais que abrem caminho para outras épocas no planeta, principalmente no passado distante onde reinavam dinossauros e outros monstros. É formada uma equipe de cientistas com o apoio do governo, para estudar, controlar e, se possível, acabar com as anomalias, enquanto tentam evitar o pânico com o surgimento de animais como um tigre dente-de-sabre em um parque de diversões ou um mamute numa rodovia. A HBO exibe as duas primeiras temporadas e, na Inglaterra, está no ar agora a terceira. Douglas Henshall intepreta o professor Nick Cutter, líder da equipe que investiga as anomalias, com o apoio de Connor (Andrew Lee Potts), Jenny (Lucy Brown), Stephen (James Murray) e Abby (Hannah Spearritt). É boa diversão para toda a família.

INSTANTÂNEOS DO PASSADO
Quem acompanha este site já deve ter lido a crônica "Um olhar sobre o passado", sobre a exposição Instantâneos do Passado, com fotografias que registraram pontos históricos e sentimentais de Itaboraí - RJ no início da década de 90. O material é um verdadeiro documento histórico, produzido com a cara e a coragem pelos então jovens fotógrafos Marlus Suhet, Ronaldo Soares e Márcio Soares.  Na crônica, eu reclamo da falta de atenção das autoridades com esse material - que poderia virar livro, site, cartões postais da cidade, qualquer coisa para registrar a ponte entre o passado e o futuro que a exposição marcou. Itaboraí, na época, estava em franca decadência, mesmo tendo sido uma das cidades mais importantes do Rio de Janeiro no século XIX. Hoje, com os investimentos gigantescos da Petrobras na cidade, Itaboraí vive dias agitados, com mais dinheiro e mais gente. Melhor ainda, Itaboraí hoje tem um verdadeiro artista na Secretaria de Cultura, o produtor cultural e roqueiro Sérgio Espírito Santo. Ele está tocando o projeto que vai transformar os Instantâneos do Passado em um livro de alta qualidade, do jeito que os fotógrafos e o povo de Itaboraí merecem. Mais notícias nos próximos dias.

O PAPA É POP?
Acabo de ler que Bento XVI esteve em Israel, no Muro das Lamentações. Hum, bem apropriado ... Que saudades de João Paulo II.

A FERRARI FORA
Balaio também é esporte. A Ferrari está ameaçando deixar a Fórmula 1 em 2010, se houver mais uma mudança de regulamento - a criação de um teto de gastos para as equipes. Como é a mais tradicional equipe da principal categoria do automobilismo mundial, a Ferrari faz a ameaça certa de que não vai precisar cumpri-la. Veremos.

GALVÃO NA ESTRADA
Está passando no Esporte Espetacular, na Globo, e no canal Sportv, a série de entrevistas "Galvão na estrada", com o locutor Galvão Bueno. Ele está encontrando os principais nomes do esporte brasileiro que vivem na Europa - Kaká, o goleiro Julio César, o ex-lateral e atual dirigente do Milan Leonardo, Rubens Barrichello e, no próximo programa, Felipe Massa. Parece que, enfim, encontraram algo melhor para o Galvão fazer, já que na maioria das transmissões ele sempre tenta ser, além de locutor, também repórter, comentarista, diretor do programa, etc. Galvão é um grande ego, que supera em muito o personagem que ele criou para si próprio, mas os programas têm sido surpreendentemente bons. Ele tem a vantagem de deixar os entrevistados, que considera sempre seus amigos, sempre à vontade. Isso, numa entrevista, faz toda a diferença.

PLAY TV
Fiquei um tempo tentando entender qual é a onda do canal PLAY TV, que há alguns meses faz parte da programação da SKY mas já tem muito mais tempo de existência. A mistura de jogos com música e cinema nem sempre dá certo - às vezes, o canal fica parecendo uma desordem sem tamanho, mas para quem está acostumado com a falta de senso da MTV tudo é possível. No entanto, dois programas chamam a atenção: o "Combo Fala+Joga", que leva artistas para serem entrevistados enquanto jogam uma partida de vídeo-game, e a ótima idéia de que os espectadores sugiram músicas para servirem de trilha para os games, criando clipes muito interessantes com as caprichadas animações dos jogos. Pode parecer pouco para salvar um canal inteiro, mas, na mediocridade reinante, é digno de elogio.

JÔ NO PROGRAMA DE GABI
Marília Gabriela é uma grande jornalista, que sabe conduzir um entrevista como poucas pessoas na TV. No entanto, em sua fase mais recente no canal GNT, está meio burocrática, entrevistando gente que o público mais ouviu falar ou perguntando o óbvio, quando não as duas coisas juntas. Na entrevista de Ronaldo Fenômeno, não fez nenhuma daquelas perguntas que todos queríamos fazer, limitando-se a endeuzar o cara - que é um exemplo de recuperação, mas tem tudo na mão para ser assim. Espero que a aguardada entrevista de Jô Soares no programa de Gabi, nesta semana, não seja mais do mesmo. O Jô, que conduz um programa diário de entrevistas e é obrigado a conviver com a irregularidade na qualidade de seus entrevistados, é, por si só, um grande personagem. Os dois são amigos e é provável que o papo seja bom. Veremos, e comentaremos depois.
Publicado por William Mendonça
em 12/05/2009 às 00h00
 
10/04/2009 20h00
UM TEXTO MAIS QUE MIL

Pois é. Hoje vou falar de estatísticas.
A motivação é simples: a crônica "Orfeu, o mito reintentado" é o primeiro texto do site a passar de mil acessos. É uma marca respeitável, acredito, para um site pessoal de um artista pouco conhecido, para dizer o mínimo. Não sei qual é a mágica desse texto em particular, pois o tema que mistura o personagem mitológico à poesia de Jorge de Lima e ao teatro de Tom e Vinícius nunca me pareceu "pop" ou óbvio. No entanto, é "Orfeu..." o texto que lidera a lista dos mais lidos do site há mais de um ano.
Também não sei bem para que servem essas estatísticas, mas fico colecionando os números, dizendo que vão orientar o meu trabalho. Bobagem! Poucas vezes utilizei esses números para algo útil.
Mas, mesmo assim, vou deixar alguns aqui, caso você, caro leitor, se interesse.

O site www.williammendonca.com atualmente tem uma média de 85 leituras por texto e 180 acessos por áudio (músicas e humor). O blog do site é a área mais acessada, com a média de 185 leituras por post (olha só você aqui, fazendo a estatística ...). A área menos visitada (infelizmente) é o espaço para download gratuito dos meus livros, hoje com a média de 54 downloads por título. Quando criei o site, os e-books eram a minha diversão favorita, mas, fazer o quê ...
Outro dado legal é o bom desempenho das biografias no site. O texto sobre Stanislaviski, gênio do teatro, por exemplo, já o quinto mais lido por aqui, mesmo tendo sido publicado dois anos depois de "Orfeu, o mito reinventado". A média de leituras das biografias chega hoje a 146 por texto.


Muito obrigado pela sua paciência, com este "show de números" e pelas visitas.
Até a próxima!

Publicado por William Mendonça
em 10/04/2009 às 20h00
 
13/03/2009 09h00
CINCO ÚLCERAS DEPOIS
   Meu último contato aqui, com os leitores do site, foi há quase três meses – no meu aniversário de 40 anos. Pois é, janeiro e fevereiro depois, pouquíssima coisa teria mudado em minha vida, não fossem as cinco úlceras – duas grandes no esôfago e três miúdas no estômago – que deram o ar da graça nesta semana. A dor insuportável, como se tivesse um bicho vivo me comendo as entranhas, me levou ao hospital subitamente.
   Em quase cinco anos de trabalho no BB, é a primeira vez em que sou vencido por uma doença e não consigo trabalhar. Fiquei constrangido por deixar meus colegas na mão, em um período difícil, e mais ainda pelos erros que cometi.
   Agora, depois de mais de dois dias sem conseguir comer nada, muitas coisas edificantes que te fazem ver o valor real do homem – tipo vômito, diarréia, suores absurdos, dependência total dos outros, hospitais públicos abarrotados, etc – consigo ver minha vida, aos 40, sob nova perspectiva. Talvez fosse o baque, a mudança de que eu precisava, para iniciar uma nova caminhada.
   Estou comendo feito um bebê, a cada três horas, com legumes e frutas amassados, vivendo à base de remédios, fraco e tentando voltar ao trabalho antes que o patrão perceba que está bem melhor sem mim, que não faço falta – mas para isso, talvez já seja tarde.
   Pelo menos tenho aqui, no site, um espaço para dizer o que sinto e penso. Sinto ainda muita dor e não sei se consigo retornar ao dia-a-dia de estresse que tenho, se bem que esse estresse nem sempre vem do trabalho. Sinto medo de sentir tudo isso de novo. Penso que talvez devesse rever minhas escolhas.
   Nessas horas, a família faz toda a diferença. Sem minha mulher e meus filhos, se eu fosse um ermitão, teria me rendido à dor e à tristeza nisso tudo.
   Nessas horas a gente pensa em quanto se maltrata ao logo da vida. Minha vida profissional, no jornalismo e no banco, minha forma de me alimentar, meu gosto pelo infalível cafezinho, foram verdadeiras fábricas de úlceras. Agora que elas mostraram a sua cara numa endoscopia e seu poder em uma semana de agonia, sei que vou me comportar melhor.


Em tempo: nem só de dor vive o homem. Na véspera da crise das úlceras escrevi um conto de ficção científica à brasileira, um argumento que surpreendeu até a mim mesmo. Se você já leu até aqui, e ainda tiver um tempo, leia também “O tempo de tudo”. Voltamos em breve.

Publicado por William Mendonça
em 13/03/2009 às 09h00
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