William Mendonça
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THE SONG REMAINS THE SAME
Um elogio ao Rock
 

          Escrito para um evento de rock, reunindo 
          novas bandas, realizado em Tanguá em 19/02/2000.



Cheguei à conclusão,
num dia desses,
de que o Rock é eterno.
Eu não nasci há 10 mil anos,
- tenho só 30 anos -
mas já vi tanta coisa,
que posso garantir:
o Rock é mesmo eterno!

Quando eu nasci,
Buddy Holly e
seus Crickets
já tinham feito sucesso
com toda a juventude
transviada, mas inocente,
dos anos 50
- e já estava morto.

Richie Valenz,
um latino cheio de ginga,
já tinha gravado
a inesquecível "La Bamba",
e entrou pra história
de um dia pro outro
- mas também já tinha morrido.

Bill Haley e seus
Cometas ainda estavam
vivos quando eu nasci,
e já tinham feito
o mundo inteiro
sacudir ao som de
"Rock around the Clock".

Quando eu nasci,
Elvis Presley já era
o grande Rei do Rock,
com seus "Blue sued Shoes".
Chuck Berry já tinha gravado
"Johnny Be Good"
e inventado com perfeição
o bom e velho rif de guitarra.

Os Beatles já tinham
mudado o mundo
quando eu nasci.
Lennon já se achava mais
famoso do que Jesus Cristo
e os 4 de Liverpool
já tinham ido de
"Love me do" a "Let it be".

Mick Jagger e
os Rolling Stones
já tinham dito
"I can't get no satisfaction"
quando eu nasci.
Bob Dylan e sua guitarra
já tinham pintado o folk rock
com "Blowin' in the wind".

Quando eu nasci,
Janis Joplin já tinha
assombrado o mundo
com aquela voz negra no blues.
Jim Morrison já tinha
aberto as "Portas da Percepção".
E Hendrix, o maior de todos,
já tinha reinventado a guitarra.

É por isso que não tenho dúvidas:
o Rock é eterno!
Eu, que não vi nada disso
e só sei do rock de antes
por histórias, e livros, e discos,
posso levar um papo com Lennon,
posso gritar com Janis
posso filosofar com Dylan.

Eu tenho só trinta anos,
mas já vivi mais que Hendrix
e Janis, e Morrison,
mais que Buddy Holly e Richie Valenz.
- Só não vivi mais do que Cristo,
mas esse, que devia ser roqueiro,
está vivo há mais de dois mil anos,
mais até do que John Lennon.

E nesses trinta anos
vi que o rock não ia acabar.
Vi o Jimmy Page e
o Led Zeppelin
virarem lenda, e vi
o Deep Purple com
John Lord e Ritchie Blackmore
darem cor ao hard rock.

Vi bandas progressivas
virarem dinossauros sonoros,
ouvi Yes, Genesis, Pink Floyd,
Emerson, Lake and Palmer,
complicando o rock
que era tão fácil,
pra fazer a música antiga
se renovar outra vez.

Mas vi, nesses trinta anos,
surgirem o punk e o heavy metal,
pra sacudir as estruturas
dos velhos donos do poder.
Vi o Clash e os Sex Pistols
devolverem ao rock
os incansáveis três acordes.
Eles e os Ramones, é claro.

Vi nascer o Iron Maiden,
ouvi o primeiro disco
do Queen, do Rush, do Mettalica,
até mesmo do Kiss,
com suas máscaras e magias.
Vi surgir o thrash, o speed
e o sei lá o que metal
pra radicalizar mais e mais.

Porra, são só trinta anos,
mas já passei pelo rap,
funk, dance, tecno,
new wave e outras misturas.
Ouvi Sting quando ele
e o Police eram ainda roqueiros.
Vi surgir o U2, pra acender
a Irlanda de tantas guerras.

Eu sei que não sou eterno
e que mesmo os roqueiros
vão morrer um dia.
Lembro quando aprendi
a tocar guitarra e
montei minha primeira banda
- e, naqueles dias, eu já tinha
visto o Rock 'n Rio e o Rock Brasil.

É nessas horas,
quando ouço as bandas daqui,
que lembro de Rita Lee,
e do insuperável Raul,
e vejo que Paralamas, Titãs,
Barão Vermelho, Legião Urbana
e outros mais, sobreviveram
às pressões do tempo e da mídia.

É quando eu olho aqui
novas bandas que só querem
fazer rock em paz
e passar a sua mensagem,
que eu chego a essa certeza:
o Rock é eterno;
quando eu nasci ele já existia,
quando eu morrer, ele ainda estará lá ...

 
William Mendonça
Enviado por William Mendonça em 02/12/2006
Alterado em 17/05/2021
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