William Mendonça
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 ANTONIN ARTAUD

O Teatro e sua santa loucura
 
   O limite entre a profissão de dramaturgo, o pensamento teatral e a loucura foi muito tênue ao longo da vida do escritor e dramaturgo Antonin Artaud, nascido em Marselha a 4 de setembro de 1896. A doença mental que marcou sua obra e sua vida manifestou-se desde cedo, provocando diversas internações. As várias rejeições públicas aos seus métodos teatrais provocaram um aumento do seu isolamento e desaguaram em uma das obras basilares do teatro moderno: “Manifesto do Teatro da Crueldade”, em 1932.
   Artaud radicou-se em Paris, em 1920. Cinco anos depois, publicou seu primeiro livro de poemas, com acento surrealista. Em 1927, uniu-se a Roger Vitrac e fundou o teatro Alfred-Jarry, que foi o palco de suas principais montagens de vanguarda, com destaque para “Ventre queimado, ou a mãe louca”, pelas quais foi amplamente hostilizado pela crítica parisiense e mal compreendido pelo público.
   Para Artaud, o teatro tradicional caminhava para a morte e, como um profeta de sua arte, procurou apontar um novo caminho. Não sendo um teórico típico, Artaud não se preocupou em escrever de forma sistemática e seus principais escritos foram reunidos na obra “O Teatro e seu duplo”, incluindo dois manifestos sobre o Teatro da Crueldade.
   De acordo com a visão de Artaud, o teatro só tinha sentido se estivesse ligado ao sofrimento básico, primordial do ser humano. Ele propunha a utilização de instrumentos do teatro em sua origem, apontando para a tragédia antiga e para a Idade Média como momentos teatrais a servirem de manancial para o novo modelo.
   Artaud considerava necessário fazer renascer no público a experiência do terror. A direção teatral deveria voltar-se para o mágico, o feérico, fugindo dos padrões tradicionais. Para atingir essa nova dimensão, ele também se apropriou de elementos da arte do extremo oriente, como manifestações do teatro tradicional japonês.
   Após não ter resistido às críticas em sua experiência com o teatro Alfred-Jarry, Antonin Artaud chegou a viver entre os índios Tarahumara, no México, em 1936, e ficou internado de 1937 a 1946, em virtude de seus problemas mentais. Em “O Teatro e seu duplo”, o que sobressai é o gênio atormentado – que enxergou muito adiante de seu tempo e não resistiu ao choque entre a razão e a arte. Faleceu em 4 de março de 1948, em Ivry-sur-seine.
 

(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)



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William Mendonça
Enviado por William Mendonça em 16/05/2009
Alterado em 14/11/2021
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