Em 30 de setembro, encerrando o mês de aniversário da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, foi realizada uma edição especial do Sarau (Uni)versos Livres, encontro de poesia e arte organizado pelo poeta Pedro Garrido. Foram vários escritores convidados, além do sempre necessário microfone aberto aos escritores que queiram aproveitar a oportunidade para apresentar seus poemas.
Pedro Garrido é um entusiasta da poesia. Criou o Sarau (Uni)versos Livres em 2022, depois de participar como convidado em outros saraus. Tem vários grupos de poetas e leitores, com gente do mundo todo, e não se furta a participar de saraus, slams e palestras em diversos municípios, com sua terra, São Gonçalo, e também Niterói, Maricá, Rio de Janeiro e Itaboraí - este último, município em que está localizada a Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres.
Participaram do evento, além do próprio Pedro Garrido, os escritores e poetas JC Gomes, Davi Paulo, Cleidiane Montel, Thayanni Glória, Sol de Paula, Lúcio Antonyos, Angela Madureira, Analua e Nicolle Monteiro, que fez o lançamento de seu livro Nas Asas da Literatura. Eu mesmo, que comecei a falar poesia em público lá no distante ano de 1987, tive o prazer de participar também, além de atuar da produção do evento na condição de funcionário da Casa.
Muito especial foi a apresentação de dança do ventre, feita pela dançarina e professora Nawar Najya. E, para a alegria de todos, duas escritoras aproveitaram a ocasião do microfone aberto para se juntar ao grupo: Bianca Guilherme, de Itaboraí, e Talita Siqueira, de Tanguá, cidade vizinha. Tudo isso no agradável e convidativo Jardim de Heloísa, com a cenografia feita pelo professor de teatro Gabriel Mattos além da oficina de Arte em Barro, com o oleiro Jean Morais.
O clima amistoso do evento, gratuito e aberto ao público, acabou rendendo frutos: agora o Sarau (Uni)versos Livres terá uma data por mês na Casa de Cultura, garantindo o espaço para a poesia no centro cultural itaboraiense. A próxima edição já tem data: 21 de outubro, das 17 às 21 horas.
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SARAU (UNI)VERSOS LIVRES NA CASA DE CULTURA DE ITABORAÍ
O mês de setembro ainda não terminou, e mais uma atividade superinteressante foi proporcionada pelas comemorações do aniversário de 213 prédio histórico em que funciona a Casa de Cultura e pelos 128 anos de Heloísa Alberto Torres. No dia 27, participei de uma visita técnica ao Museu de Astronomia e Ciência Afins, juntamente com o gestor da Casa de Cultura, Alan Mota, a chefe de Acervo Aurora Ribeiro e o coordenador de Mídias Gabriel Matos. Fomos acompanhar, in loco, os progressos do trabalho de classificação, higienização, restauro e digitalização do acervo de Heloísa Alberto Torres.
Recebidos pelo historiador José Benito Yarritú Abellás, verificamos as condições de armazenamento do acervo - em área extremamente segura, climatizada e ordenada - assim como conhecemos o laboratório onde o material é recebido para higenização e restauro. O MAST, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, sofrendo das mesmas dificuldades que os demais museus brasileiros - como a falta de pessoal e de verbas - tem feito um trabalho primoroso, que garantirá às novas gerações o acesso ao trabalho da eminente antropóloga e, especialmente, de sua atuação à frente do Museu Nacional e em órgãos como o IPHAN, a Funai e o Conselho Nacional de Proteção ao Índio.
Vale lembrar que, durante os anos de pandemia, o MAST sofreu também com as contingência do home-office e do distanciamento social. A expectativa da equipe é que toda a classificação do acervo de Heloísa esteja pronta até o final deste ano. Há, ainda, uma quantidade menor, porém significativa, do acervo do pai, Alberto Torres, que governou o Rio de Janeiro e foi ministro do STF, e da irmã de Heloísa, a genealogista Maria Alberto Torres.
No trabalho como coordenador de Patrimônio, Acervo e Memória da Casa de Cultura, garantir que este acervo seja bem cuidado, para ser disponibilizado para consulta em breve, é uma das minhas principais atribuições. Fico feliz em constatar que tudo está correndo da melhor forma possível.
A visita terminou com um tour pelo Observatório Nacional, onde a exposição 200 Anos de Ciência no Brasil encanta por sua diversidade e riqueza de detalhes.
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Assim como no post anterior, vou abordar aqui outra das muitas atividades que tive a oportunidade de participar no mês de setembro. Desta vez, falo sobre o I Ciclo de Palestras da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, que fez parte das comemorações oficiais pelos 213 anos do prédio histórico em que o centro cultural funciona, assim como pelos 128 anos do nascimento da renomada antropóloga que lhe dá nome.
Sempre alimentei a ideia de um ciclo de palestras, que abordasse em sequência as três personalidades importantes ligadas à Casa de Cultura - a própria Heloísa, sua irmã Maria (Marieta) Alberto e o pai, Alberto de Seixas Martins Torres, que governou o estado do Rio de Janeiro e foi ministro do STF. Neste ano, já sem os efeitos da pandemia e com a boa vontade dos pesquisadores, que se dispuseram a falar sobre esses personagens, o ciclo finalmente se concretizou.
Transmitido pelo Facebook da Casa de Cultura (@casadeculturaitaborai), o material das palestras permanecerá disponível e, em alguns dias, será incluído também no canal do youtube da Casa de Cultura. Para você que gosta de história, antropologia, sociologia, genealogia, política ou direito, apenas para resumir os temas abordados, as palestras têm muito a dizer.
Resumindo o que aconteceu, no dia 19 a historiadora Michele de Barcelos Agostinho, do Departamento de Antropologia do Museu Nacional, falou um pouco sobre a biografia e sobre o trabalho de Heloísa Alberto Torres na direção daquele museu, tão importante para o país. Heloísa foi a primeira mulher a dirigir a instituição. Na sequência, o graduando em História Joaquim Guilherme Camargo Mendes falou um pouco sobre o trabalho antropológico de Heloísa junto à população negra da Bahia, em especial as mulheres e sua contribuição para a formação cultural brasileira.
No dia 20, foi a vez do genealogista e pesquisador Dawson Nascimento da Silva, membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico Itaborahyense - no qual ocupa a cadeira patronímica de Maria Alberto Torres. Ele tratou um pouco da história familiar de Dona Marieta, como era conhecida a filha mais velha de Alberto Torres. E falou sobre as pesquisas genealógicas por ela empreendidas, para rastrear as origens das famílias de Itaboraí. Dawson explicou o funcionamento da Genealogia, considerada um campo auxiliar da História e de outras ciências sociais.
No dia 21, o historiador Rui Aniceto Nascimento Fernandes, da Faculdade de Formação de Professores da UERJ (São Gonçalo-RJ) fez um relato biográfico detalhado e interessante de Alberto Torres, contextualizando o quadro político e os aspectos sociais do tempo em que viveu esse personagem. O professor ainda fez um preâmbulo sobre as mudanças do conceito e da abordagem dos textos biográficos, nos últimos séculos.
Acredito que o Ciclo de Palestras veio para ficar. Espero ter a oportunidade de realizar a segunda edição em 2024, convidando outros pesquisadores e contando com o incentivo do gestor da Casa de Cultura, Alan Mota.
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Várias atividades rechearam o mês de setembro, provando que o importante é manter a vontade de fazer cultura viva, porque as oportunidades sempre aparecem. Neste ano, recebi o convite para ser jurado no I Concurso de Fotografia Amadora de Tanguá-RJ, a cidade em que moro.
Foi uma dupla alegria. Primeiro, por poder participar de um momento em que a cidade se mobiliza para registrar em foto os seus patrimônios ambientais e culturais, criando uma espécie de cápsula do tempo, que poderá ser revisitada a qualquer momento daqui para o futuro. Segundo, por ter recebido o convite (que encarei como uma missão) por parte do secretário de Comunicação e Juventude de Tanguá, Chailon Conceição.
Dez anos antes, eu era o diretor de redação do Jornal Itaboraí, que montava uma grande equipe para se transformar em um diário. Foram contratados dez estagiários e cinco jornalistas, em um esforço que não vi nem mesmo parecido naquela cidade, em décadas de atuação. Entre os estagiários, um jovem que convidei pessoalmente, pois já conhecia seu trabalho: exatamente Chailon Conceição.
Sempre brinco que Chailon já chegou pronto, apenas desempenhou algumas funções novas. Repórter e redator de primeira, ele seguiu em frente e hoje, além de jornalista, é advogado. Já há quase três anos, está à frente da Secretaria de Comunicação e Juventude de Tanguá, mostrando serviço. O projeto do concurso de fotografias, ainda que sempre haja os insatisfeitos com resultados e normas, se provará cada vez mais importante quanto mais tempo se passar desta época, porque Tanguá - cidade jovem - ainda não possuiu uma memória iconográfica significativa.
No dia 19, participei do ótimo evento de premiação dos primeiros colocados em cada categoria do concurso - uma para estudantes e outra para os adultos em geral. Além dos outros jurados, como o jornalista Flávio Azevedo, grande nome da comunicação em Rio Bonito, e o secretário de Cultura de Tanguá, Reginaldo Garcia, tive a oportunidade de rever o prefeito, Rodrigo Medeiros, que conheci no já distante ano de 2003. Um momento especial neste mês especial.
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Ao longo dos últimos 17 anos, tem sido uma luta, de fato, manter no ar este site de divulgação e compartilhamento da minha produção artística e jornalística. O apoio dos leitores ocasionais, através de seus comentários e palavras de incentivo, contrasta, em grande parte, com a falta de recursos e de espaço. Eu sempre soube que não seria fácil. E não reclamo disso.
Em pouco menos de dois anos, completo 40 anos de atividade como escritor, desde os primeiros sonetos, lá no distante ano de 1985. Nunca pensei em me tornar pop, em qualquer das coisas que fiz. A poesia, que alguns acham difícil de compreender, as canções com letras que não são extamente óbvias, o teatro musical incipiente ou os autos religiosos, nada disso é pop. Não foi feito para ser. Provavelmente, nunca será.
Mesmo minhas comédias, escritas para grupos de teatro de Itaboraí-RJ, em outros tempos, podem divertir o público, se montadas hoje, mas não farão de seu autor um dos grandes nomes do teatro brasileiro. E nunca tiveram essa intenção.
A arte é somente minha maneira de lutar contra o caos da existência. Surgiu quando eu estava crescendo, entendendo quem sou - e a primeira delas com que me envolvi acabei por abandonar no caminho: o desenho. As palavras e suas infinitas combinações de sentido e emoção me sequestraram para sempre, leitor e escritor, jornalista por mais de 30 anos, alguém que, sem nunca ter publicado um livro fisico, sempre viveu da escrita.
Nesses 17 anos do site, há algumas lacunas: faltam mais áudios (especialmente, as leituras de poesia, coisa que faço no palco desde 1987 mas que nunca trouxe para essas páginas, e outras canções); falta completar a "obra", publicando mais e-books de teatro, poesia, crônica, biografias, letras de música (todos escritos, esperando a chance de vir a público); falta a atividade pelo menos semanal neste blog do site, com reflexões avulsas e, quem sabe, colunas temáticas; e faltam vir a público os romances - minha última aventura na escrita, a fronteira final, que demorei até 2017 para atravessar.
Enfim, de tudo o que produzi, uma parcela modesta está disponível no site. E sempre me pergunto se deveria colocar logo tudo aqui, para quem procura algo novo, talvez inspirado ou inspirador, escrito por quem pouca gente conhece. Será que alguém ainda procura por isso, nesses tempos de velocidade e superficialidade? Será que alguém da crítica ainda procura autores pouco conhecidos, como fez Heloísa Buarque de Hollanda com seu lendário livro "26 Poetas Hoje", que lançou uma geração de poetas? Aliás, será que alguém além da própria Heloísa (que lançou também "Esses Poetas", com a geração dos anos 90, e "As 29 poetas hoje", com as mulheres que fazem poesia na atualidade) faz esse garimpo literário?
Em meio a essas questões existenciais, há apenas um caminho a seguir: manter o site vivo, até como um registro dessa atividade artística, abrir espaço para mais interação nas redes (instagram, youtube) e - próximo passo, que já está sendo preparado - levar meus textos ao livro impresso, para ocuparem aquele lugar na estante (pelo menos, na minha) que está reservado para eles há tanto tempo. Alerto que eles não completarão 40 anos engavetados.
Se me faltam, quase sempre, tempo e recursos, nunca faltou vontade. E horizontes novos se abrem a cada manhã.
Grato pela sua presença por aqui. Seu comentário me deixaria muito honrado.